
Há menos de um ano, Elvídio de Oliveira era para mim um ilustre
desconhecido. Sê-Io-á, certamente, para a maioria do público leitor
angolano que, com o crescimento do país, que se nota a olhos vistos,
e com a sua entrada no processo democrático não tão visível, se
transformou num público leitor cada vez maior e mais exigente.
Estou convencido que, a partir do momento em que este "Será
a matemática um bicho de sete cabeças"? tiver contacto com o pú-
blico, deixará Elvídio Oliveira o anonimato para pertencer à classe
dos autores respeitados da nossa praça.
Dada a actual situação do nosso país onde a ausência de uma
política do livro é cada vez mais notada, não é de espantar que cer-
tos estudos e reflexões dificilmente encontrem refúgio no papel. E
mesmo quando o encontram, raramente chegam às pouquíssimas
bibliotecas, ficando expostas às poeiras acumuladas nas estantes
das escassas livrarias que vão dando vida ao nosso meio literário.
Entendido o problema neste contexto, são raras as editoras que
se abalançam a dedicar-se, de forma continuada, à edição de tex-
tos deste género, o que é lamentável.
Porém, não é o caso da Chá de Caxinde que aposta seriamente
em técnicos como Elvídio Oliveira, gente que pode desempenhar
um importantíssimo papel neste quadro de necessidades que o
país enfrenta, mormente o de superar o analfabetismo funcional
de parte significativa de uma população que precisa de ascender a
uma posição cidadã na sociedade.
Levando-se em linha de conta um panorama tão pouco ani-
mador, é justo que se destaquem os raros empreendimentos que
procuram preencher o vazio existente e que constituem excepções
de grande mérito.
No caso de Elvídio Oliveira, um homem a abeirar-se dos 80
cacimbos de vida, não sendo um especialista na área da matemáti-
ca (isso mesmo nos sugere o seu curriculum), na sua longa per-
egrinação pelos caminhos do ensino, se dedicou ao estudo dos
fundamentos da psicologia infantil e à ministração da disciplina de
matemática, o que o levou a concluir que "as dificuldades encon-
tradas na aprendizagem da Matemática enraízam não só na inade-
quação dos métodos utilizados na transmissão dos conhecimentos
clássicos elementares às crianças de dois a três anos mas também
a alguns tropeços linguísticos", torna-se imperioso um incentivo.
Pela coragem e pelo sentido de responsabilidade que transmite
a muitos de nós; pelo novo fôlego que nos faz sonhar a possibili-
dade de podermos manter com os agentes do ensino uma relação
produtiva para consolidar processos e experiências, louvem-se to-
das as iniciativas deste género.
Das conclusões de Elvídio Oliveira emergiu a obra que a Chá
de Caxinde tem a honra de apresentar ao público e, por isso, resta-
me dizer, para finalizar:
Parabéns e todo o meu respeito, senhor mais-velho Elvídio
Oliveira!
Luanda, 26 de Julho de 2005
JACQUES arlindo dos santos
Author | Elvídio Oliveira |
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Publisher | Chá de Caxinde |
Edition no. | 1 |
Year of publication | 2005 |
Page numbers | 88 |
Format | Livro capa mole |
Language | Portuguese |
ISBN | 9728934025 |
Country of Origin | Angola |
Dimension [cm] | 21 x 13,7 x 0,7 |
About Author | Elvídio Serrão da Veiga de Oliveira Nasceu na Calçada Paiva de Andrade, nº 6, Freguesia dos Remédios, Concelho de Luanda, aos 19 de Maio de 1926. Fez os estudos primários no Colégio Moderno, em Luanda e os secundários no Liceu Diogo Cão, no Lubango, onde concluiu, em Janeiro de 1944, o Curso Complementar de Ciências. Logo na primeira classe, apercebeu-se de ser a multiplicação uma soma sucessiva de parcelas iguais. No Lubango, observou como fazia a população local a distribuição de objectos. A sua curiosidade levou-o a interessar-se, na disciplina de Português-Latim, pela evolução das palavras do Laitm para o Português; nas disciplinas de Educação Moral e Cívica e de Filosofia, centrou a sua atenção na área de Psicologia e, extracurricularmente, estudou os fundamentos da Psicologia Infantil. Desde muito cedo se apercebeu das dificuldades sentidas pelos seus condiscípulos e colega s na área da Matemática, prestando-lhes a ajuda que precisavam. Em 1962, foi convidado, pelo Colégio “Infante de Sagres” da Gabela, a ministrar as disciplinas de Matemática, Física, e Química aos seus alunos do segundo ciclo (31, 41 e 50 anos), com o acordo da Direcção da Educação de Angola. Essa actividade estendeu-se até ao ano de 1965. Em 1975, voltou ao ensino, na escola secundária da Gabela (Comercial, industrial e Liceu) para ministrar as disciplinas de Física e Química, tendo participado na reciclagem geral dos professores do ensino secundário promovida pelo Ministério da Educação. A articulação de todos os conhecimentos adquiridos, quer a nível académico quer pela observação directa, levaram-no a concluir que as dificuldades encontradas na aprendizagem da Matemática enraízam, não só na inadequação dos métodos utilizados na transmissão dos conhecimentos básicos elementares às crianças de dois a três anos mas também a alguns tropeços linguísticos. Dessas conclusões emergiu esta obra. |
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